E se Judas não fosse o traidor que as escrituras sagradas quiseram nos fazer crer nestes dois mil e tantos anos de fé cristã, o que mudaria em nossas crenças?
O que mudaria na História?
Na minha, nada, porque a fé que tenho em Jesus não se baseia na sua biografia ―que aliás, ninguém escreveu― mas sim no conteúdo da sua mensagem.
Ninguém pode, até hoje, dar uma descrição física de Jesus, nem sequer uma versão confiável da sua vida, enquanto personagem histórico.
Tudo que se escreveu sobre ele e sua história de vida são arquiteturas mentais urdidas mais com fantasia do que com documentos históricos para comprovar a veracidade dos fatos que descrevem.
Mostra que efetivamente Judas não traiu Jesus, mas sim, cumpriu uma missão que lhe foi delegada pelo próprio.
A ação de Judas foi libertar o espírito de Jesus da sua vestimenta carnal, como ensinava a crença gnóstica.
“ O que tendes a fazer, faze-o depressa”.
“Você superará todos eles”, diz Jesus para Judas.
“Você sacrificará o homem que me cobriu.”
“ Mestre, onde você foi e o que fez quando nos deixou?”, pergunta Judas.
“Eu fui para outra grande e santa geração”, responde Jesus.
“Na visão, eu vi como os doze discípulos estavam me apedrejando e perseguindo severamente (...) também fui para um lugar (...) vi uma casa (...) meus olhos não puderam compreender o seu tamanho..,” diz Judas, contando para Jesus uma visão que teve.
“Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que você viu.
Aquele lugar é reservado para os santos (...)
Você superará todos eles {os discípulos}
Você sacrificará o homem que me cobriu (...)
Erga para cima seus olhos, veja a nuvem e a luz dentro dela e as estrelas que a cercam.
A estrela que conduz é a sua estrela. Judas ergueu para cima os olhos e viu a nuvem luminosa (...) e ouviu uma voz vinda da nuvem...”
Páscoa é uma palavra hebraica que significa "libertação".
Esta festa surgiu para comemorar a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito, através de Moisés.
Assumida pelos cristãos (católicos), a Páscoa Cristã é para eles, a lembrança de que Deus liberta seu povo dos “pecados” (erros), através de Jesus Cristo, novo cordeiro pascal.
A comemoração acontece na época em que se lembra a crucificação de Jesus. Começa, infelizmente, após o término do carnaval, onde muitos já transgrediram Seus ensinamentos e termina no domingo onde Ele ressurgiu dos "mortos" para mostrar que Ele continua vivo e aguardando que O sigamos.
“Cristo é a nossa Páscoa (libertação), pois Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” - (João, 1:29). João usou o termo Cordeiro, porque usava-se na época de Moisés, sacrificar um cordeiro para agradar á Deus.
Portanto, dá-se a idéia de que, Deus sacrificou Jesus para nos libertar dos pecados.
Mas para nos libertarmos dos “pecados”, ou seja, dos nossos erros, das nossas falhas morais, devemos estar dispostos a contribuir, utilizando os ensinamentos do Cristo como nosso guia.
Porque Jesus não morreu para nos salvar; Jesus viveu para nos mostrar o caminho da salvação.
Esta palavra “salvação”, segundo Emmanuel, vale por “reparação”, “restauração”, “refazimento”.
Portanto, “salvação” não é ganhar o reino dos céus; não é o encontro com o paraíso após a morte; salvação é "libertação" de compromisso; é regularização de débitos. Como diz a bandeira do Espiritismo: "Fora da Caridade não há Salvação".
Então, fora da prática do amor (caridade) de uns pelos outros, não estaremos salvos, livres das complicações criados por nós mesmos, através de brigas, violência, exploração, desequilíbrios, frustrações e muitos outros problemas que fazem a nossa infelicidade.
Portanto, aproveitemos mais esta data, para revermos os pedidos do Cristo, para "renovarmos" nossas atitudes.
Como disse Celso Martins, no livro "Em busca do homem novo", baseando-se nas palavras de Paulo de Tarso, em 4 ef. vs. 22/23 :
"Que surja o homem novo a partir do homem velho.
Que do homem velho, coberto de egoísmo, de orgulho, de vaidade, de preconceito, ou seja, coberto de ignorância e inobservância com relação às leis morais, possa surgir, para ventura de todos nós, o homem novo, gerado sob o influxo revitalizante das palavras e dos exemplos de Jesus Cristo, o grande esquecido por muitos de nós, que se agitam na sociedade tecnológica, na atual civilização dita e havida como cristã.
Que este homem novo seja um soldado da paz neste mundo em guerras.
Um lavrador do bem neste planeta de indiferença e insensibilidade.
Um paladino da justiça neste orbe de injustiças sociais e de tiranias econômicas, políticas e/ou militares.
Um defensor da verdade num plano onde imperam a mentira e o preconceito tantas vezes em conluios sinistros com as superstições, as crendices e o fanatismo irracional.
Que este homem novo, anseio de todos nós, seja um operário da caridade, como entendia Jesus: benevolência para com todos, perdão das ofensas, indulgência para com as imperfeições alheias."
Por isso, nós Espíritas, podemos dizer que, comemoramos a páscoa todos os dias.
A busca desta “libertação” e/ou "renovação" é diário, e não somente no dia e mês pré determinado.
Queremos nos livrar deste homem velho.
Mas respeitamos a cultura e os costumes dos povos em geral, que ainda necessita de rituais.
Que ainda dá maior importância para o coelhinho, o chocolate, o bacalhau, etc., do que renovar-se.
Que acha desrespeito comer carne vermelha no dia em que o Cristo é lembrado na cruz.
Sem se dar conta que o desrespeito está em esquecer-se Dele, nos outros 364 dias do ano, quando odiamos, não perdoamos, lesamos o corpo físico com bebidas alcoólicas, cigarro, comidas em excesso, drogas, sexo desregrado, enganamos o próximo, maltratamos os animais, a natureza, quando abortamos, etc.
Aliás, fazemos na páscoa o que fazemos no Natal.
Duas datas para reflexão e início de renovação nas atitudes.
Mas que confundimos, infelizmente, com presentes, festas, comidas, etc.
Portanto, quando uma instituição espírita se propõe a distribuir ovos de páscoa aos carentes não significa que esteja comemorando esse dia, apenas está cumprindo o preceito de caridade, distribuindo um pouco de alegria aos necessitados. Aproveitando a ocasião para esclarecer o pensamento da Doutrina sobre a data.
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