segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"As águas turvas "

 




 
Na Hungria havia uma fábrica de chocolates, 
que vendia para o mercado interno e exportava para os países vizinhos
e todo o Leste Europeu.
Uma concorrente comprou a fábrica, 
botou todos os funcionários no olho da rua, 
demoliu as instalações e saiu do país ou seja,
esta empresa não quer concorrência. Se houver...
"As águas turvas"
Há alguns anos esta empresa vem utilizando os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar a água em garrafa. 
Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática,
por muitas razões.
As águas minerais, de propriedades medicinais e baixo custo,
eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças,
que entrou em desuso, a partir dos anos 50, 
pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos.
Mas o poder dessas águas permanece. 
Médicos da região, por exemplo, 
curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa.
Para fabricar a tal água engarrafada,
sem estudos sérios de riscos à saúde,
desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente. 
A desmineralização de água é proibida pela Constituição.
Cientistas europeus afirmam que nesse processo a produtora alimentícia desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a reação. 
Em outras palavras,é uma água química.
Ela está faturando em cima de um bem comum, 
a água, além de o estar esgotando, 
por não obedecer às normas de restrição de impacto ambiental,
expondo a saúde da população a riscos desconhecidos.
O ritmo de bombeamento está acima do permitido.
Troca de dutos na presença de fiscais é rotina. 
O terreno do Parque das Águas de São Lourenço 
está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos. 
A extração em níveis além do aceito está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de formação. 
Dois poços já secaram. 
World Water Crisis  book Blue Planet Run safe drinking water to the one billion people who lack it
 
Toda a região do sul de Minas está sendo afetada,
inclusive estâncias minerais de outras localidades. 
Durante anos a firma vinha operando, 
sem licença estadual. 
E finalmente obteve essa licença no início de 2004.
Um dos brasileiros atuantes no movimento de defesa das águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de tentativas frustradas junto ao governo e à imprensa para combater o problema,
conseguiu apoio, na Suíça, para interpelar a empresa criminosa. 
A Igreja Reformista, a Igreja Católica, Grupos Socialistas e a ONG verde ATTAC uniram esforços contra esta empresa, 
que já havia tentado a mesma prática na Suíça.
Em janeiro deste ano, graças ao apoio desses grupos, 
Franklin conseguiu interpelar pessoalmente, 
e em público, o presidente mundial do Grupo. 
Este, irritado, respondeu que mandaria fechar imediatamente
a fábrica em São Lourenço. 
No dia seguinte, no entanto, o governo de Minas, 
baixou portaria regulamentando a atividade da empresa.
Ao invés de aplicar multas, deu-lhe uma autorização,
mesmo ferindo a legislação federal. 
Sem aproveitar o apoio internacional para o caso, 
apoiou uma corporação privada de histórico duvidoso.
Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente vem ignorando o caso, 
o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, 
além de duas matérias de meia hora na televisão. 
Em uma dessas matérias, o vereador Cássio Mendes, 
de São Lourenço, envolvido na batalha contra a criminosa empresa, reclama que sofreu pressões do Governo Federal, 
para calar a boca. 
Teria sido avisado de que o pessoal da empresa apóia o Programa Fome Zero e não está gostando do barulho em São Lourenço.
Diga-se também que a relação espúria da empresa com o Fome Zero é outro caso sinistro. 
A empresa, como estratégia de marketing, 
incentiva os consumidores a comprar seus produtos, 
alegando que reverte lucros para o Fome Zero. 
E qual é a real participação desta empresa no programa? 
A contratação de agentes e, parece, 
também fornecendo o treinamento.
Sim, é a mesma famosa produtora de alimentos, 
que tem sido há décadas alvo internacional de denúncias de propaganda mentirosa, enganando mães pobres e educadores, 
para  substituir leite materno pelos seus produtos , 
em um dos maiores crimes contra a humanidade. 
A vendedora de leites e papinhas "substitutos" estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros do Fome Zero, 
recolhendo informações e gerando lucros 
e publicidade nas duas pontas do programa:
compradores desejosos de colaborar e 
famintos carentes de comida e informação. 
Mais preocupante:
o Governo Federal anuncia que irá alterar a legislação,
 permitindo a desmineralização "parcial" das águas. 
O que é isso? Como será regulamentado? 
Se a produtora de alimentos vinha bombeando água além do permitido e a fiscalização nada fez, 
como irão fiscalizar agora a tal desmineralização "parcial"? 
Além do que, "parcial" ou "integral", 
a desmineralização é combatida por cientistas e pesquisadores de todo o mundo.
E por que alterar a legislação em um item que apenas interessa à empresa?
O que nós, cidadãos, ganhamos com isso?
É simples. 
Sabemos que outras empresas, como a de bebida, 
estão no mesmo caminho, 
adquirindo terrenos em importantes áreas de fontes de água. 
É para essas empresas que o governo governa? 
Uma vergonha !!!
Mais informação em:
www.circuitodasaguas.org

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