segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Casinha Branca"



Era uma vivenda lirial,
Orlando faceiramente a estrada tranquila sob a doce quietude da tarde serena,
Aqual pomba garrula pousada no seio de verdejante ninho atapetado de flôres...
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Mas nesta casa
Deixei meu sonho
Nas tuas mãos deixei bondade
Alegre sonho, ficou tristonho
Esta casa  virou saudade
Nas paredes o teu perfume
Que parede?
Nas janelas o teu cabelo
O meu ciúme, é o meu queixume
Nas minhas mãos um triste apelo
Esta casa está mais frias
Está vazia de nossos beijos
As minhas mãos talvez não sintas
Estão famintas de desejos
Nas minhas mãos a despedida
Nas tuas mãos a minha vida
Esta é uma casa pintada de branco
Junto à estrada empoeirada,
À semelhança de pensativa e solitária criatura
Medito aqui sôbre o destino das coisas
E dos sêres em tôrno deste florido jardim,
Sob a orgia das côres,
É a minha dadivosa compensação
Àquele destino ignorado
Que tomou meu coração

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