domingo, 11 de dezembro de 2016

"Família,ruim com ela,pior sem ela"

Extraído da palestra virtual promovida pelo Canal #Espiritismo Palestrante: Oneida Terra.<P> "Honrarás a teu pai e a tua mãe". Não é muito difícil acontecer de pais estuprarem suas próprias filhas. O que pensar disso?
<R> O trabalho com a parte social, famílias carentes, em Barra do Piraí, encontra-se casos assim. Esses casos refletidos à luz da prece trouxeram o conhecimento de que muitas dessas jovens violentadas pelos próprios pais foram as amantes de ontem. Mulheres que não se fizeram respeitar e que exerceram fascínio sobre os homens provocando-os.
<Pergunta> Como são montadas as famílias na Terra - pelo perdão a ser dado, ou pela renovação?
<Resposta> As famílias são montadas na Terra, mediante um planejamento reencarnatório e esse planejamento obedece a justiça divina. Essa justiça irá atuar de acordo com a evolução de cada um.
O objetivo, na formação de um grupo familiar, é o reajuste, visando o crescimento interior de todos.
<P>: Dizem que os maiores carmas a serem cumpridos são os de dentro da família? Isso sendo verdade, como fazer para tentar nos corrigir e resgatar o carma?
<R> Primeiramente, é muito importante entender o que seja "carma". Carma nem sempre é dor e sim ação. A realização do ser eterno,através de milênios é o que chamamos "carma". O que ocorre é que no núcleo familiar a espiritualidade planeja reajustes. É fácil, fora de casa, nos afastarmos das pessoas. O mesmo não ocorre com os familiares e consangüíneos. É importante observar que no núcleo familiar, sempre existe alguém que vem para o apoio e crescimento da família. Pelos anos de luta e convivência com famílias, observamos que nem sempre nos colocamos com boa vontade e força de vontade para equilibrarmos e preservarmos a família.
<P> Por que existem pessoas tão boas com filhos muito perversos? Como fica, então, A Lei de Atração de igual espécie nesses casos?
<R> O conhecimento da reencarnação nos orienta quanto as conseqüências dos nossos atos e aí relembramos as palavras do Cristo: "Cada um colhe aquilo que semeia". A mãe amorosa de hoje nem sempre o foi ontem. Não existindo acaso na Lei, os reencontros obedecem a critérios sábios.
<P> Como identificar nossa missão dentro da família?
<R> Cada família reflete uma realidade e realmente é necessário uma reflexão para agirmos corretamente. Vamos relembrar Sócrates, quando ele diz que antes de qualquer decisão ele buscava inspiração no Criador. O que nós precisamos é um trabalho constante conosco mesmo, independente de sermos mães ou pais. O ser humano precisa ser trabalhado. A jovem educada será uma mãe consciente; o jovem honesto saberá agir adequadamente em todas as circunstâncias.

<P> Diante de um Lar em que um casal, com filhos e bem estabelecidos, mas distantes em todos os sentidos, neste caso, seria lícito perante a Lei de Deus a separação?

<R> É sempre importante questionar se já realizamos todos os esforços que estejam ao nosso alcance para evitar a separação. Emmanuel, André Luiz e outros orientadores espirituais, nos esclarecem que quando um casal não mais está crescendo no matrimônio e entra em perdas, talvez o melhor seja a separação.
<P> Como seria reparado o erro de uma esposa traída? Seria cármico?
<R> É sempre importante refletirmos com base na Lei. Não existindo acaso na vida, as traições têm as suas raízes. Conhecemos casais que não se unem à luz da fé para o seu crescimento interior e sob uma falta de respeito muito grande provocam dores. Muitas das infelicidades que presenciamos hoje têm as suas raízes aqui mesmo.
<P> Algumas vezes a Doutrina Espirita é apresentada como destruidora dos laços de família. Por que se tudo é união e amor e justiça?
<R> A primeira coisa que nós devemos saber é quem apresenta a Doutrina assim!! A Doutrina dos Espíritos é a revivescência do Cristianismo. O Cristianismo é amor. Sendo amor, conduz à união.
<P> No seio familiar: o que seria uma esposa ideal e um marido ideal? Um casal se forma por causa do destino ou aleatoriamente?
<R> A esposa ideal é aquela que busca o seu aprimoramento como filha de Deus e vice-versa. O que será que entendemos quando falamos "destino"? Um casal se forma mediante um planejamento reencarnatório. Nenhum de nós está jogado na vida. Há muito mais amor e proteção do que entende o homem.
<P> Pode um obsessor entrar em uma família e destruí-la toda? Com vícios, brigas até o final?
<R> Um obsessor pode acessar uma família e existem inúmeros casos assim. Se a família não estiver alicerçada na moral e no esforço de boa conduta, esse obsessor pode influenciar dolorosamente.
<P> Por que hoje as pessoas estão cada vez mais distantes da família e as famílias cada vez mais separadas e desestruturadas, já que estamos evoluindo e não retrocedendo? Antigamente, aparentemente existia mais união. Como verificar nos casos mais recentes de desestruturação familiar evolução?
<R> Não se sabe se realmente existia mais união no passado. Na verdade, as coisas não eram claras como são hoje. Nós não estamos retrocedendo. Pode ocorrer que mediante um planejamento reencarnatório que exija mais esforço e dedicação, não desenvolvamos boa vontade para atingirmos objetivos traçados. Quem se une não se separa. Se chegamos à amizade, jamais retornaremos à inimizade. Sabemos, através de estudos, pesquisas e vivências que esses mesmos separados no grupo familiar, já são indiferentes de ontem. Cabe-nos um trabalho sincero para auxiliarmos, de alguma maneira, a esses mesmos que não entenderam ainda o valor de compartilhar, de ser útil de dar e receber, crescendo juntos.
<P> Tentamos ser bons Espíritas, mas por que a dor nos atinge ainda tão profundamente ante a possibilidade do desencarne de um ente querido, uma mãe, nome abençoado! Quando estaremos preparados para tal dor?
<R> Na lei da vida, desencarnar é mais vida e não dor. A idéia que temos de dor, na verdade, é apego, solidão, medo. Quando nos colocamos receptivos à Doutrina dos Espíritos nesse movimento amplo que ela permite, descobrimos que não existe separação na Lei e que é possível continuarmos juntos rumo à eterna evolução. A semi-liberdade do sono permite encontros, reencontros e esse prosseguir vitorioso do amor em nossos corações. Ocorre com os mesmos que se afirmam espíritas muita desconfiança e medo quando chamados a testemunhos.
<P> Seria o ciúme um medo de que o outro repita um erro que cometemos em outras vidas?
<R> Não! Necessariamente, não é isso. Ciúmes é insegurança, carência, medo. Quando acreditamos em nós mesmos, quando desenvolvemos um ideal, quando amamos a luta e queremos vencer, esse sentimento mórbido não toma conta dos nossos corações.
<P> As ligações de outras vidas podem explicar as diferenças nas relações entre a mãe e filhos diferentes?


<R> Claramente!
<P> Qual a idade ideal dos nossos filhos conhecerem o Espiritismo?
<R> Falando desta existência, desde o momento em que nós mesmos fazemos contato com os fundamentos da Doutrina, os nossos filhos, futuros filhos, já estão sendo beneficiados. Se considerarmos o matrimônio, desde os sonhos do namoro, os filhos já devem estar envolvidos nas reflexões, nas idealizações e quando concretizamos a idéia da maternidade na gestação, os filhos já devem fazer parte de todo nosso movimento interior na busca de espiritualidade.
<P> Em questionamento, se tudo é planejado - inclusive na união entre dois seres - não é possível então haver uma união errada? Digo, alguém se casar com alguém por "engano"?
<R> Pode. Nós sabemos que existe livre-arbítrio e muito respeito do plano espiritual para com as criaturas de Deus. Alguns renitentes e teimosos conseguem burlar o planejamento. Fazem as suas escolhas para perceberem depois o engano em que se envolveram.
<P> Que papel tem os Gêmeos, trigêmeos e etc, na família?
<R> Os gêmeos ou trigêmeos, eles têm o mesmo papel de todos os filhos, mas, com certeza, o nascimento de gêmeos, trigêmeos, etc. envolve um exercício de doação, de gratuidade interior, de fraternidade bem maior do que quando o casal tem um único filho. Tanto os pais, quanto os filhos, nessas circunstâncias, são chamados a um trabalho maior, no exercício do amor e na união da família.
<P> Duas perguntas correlacionadas: O conceito de família para nos espíritas não deve ser muito maior do que o genético? Como é feito o planejamento do filho adotivo?
<R> Com certeza! Tendo como base a reencarnação e o planejamento reencarnatório, a valorização desse reencontro tão sério deve ser muito bem valorizado. E como valorizar? Qual o trabalho ideal? Com certeza, é nessa busca de aprimoramento interior, nesse cultivo da fé, que vamos conseguir constituir e preservar muito bem a família. O planejamento do filho adotivo é tão criterioso quanto do filho natural. Nós observamos, também, que nesses casos os pais são chamados a um desprendimento, a uma aceitação maior, a um reajuste. Muitas vezes, após a adoção de uma criança, a mulher engravida, provando que esse filho adotado não veio por acaso, mas sim mediante a bondade superior.
<P> Fale um pouco sobre a passagem quando Jesus diz: "Onde está minha mãe e onde estão meus irmãos?"
<R> Bem, se hoje o apego é tão grande entre familiares e consangüíneos, muito mais o era há dois mil anos atrás. Jesus enobrece e dignifica todos os companheiros do Colégio Renovador quando interroga: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E diz que "minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que cumprem com a vontade do Pai que está no Céu". Vamos refletir que Jesus não estava discriminando os mesmos que se encontram indiferentes ao Criador. Destacava, o Mestre, a amizade, o respeito e a compreensão que existem entre aqueles que se reconhecem irmãos, filhos de um mesmo Pai.
<P> Como um filho deve agir diante de uma separação iminente de seus pais? Ou ainda de um pai irresponsável com suas dívidas e consigo mesmo?
<R> Primeiro, nós teríamos que considerar qual a idade desse filho, quais as condições que ele tem para trocar com os pais recursos e sentimentos que possam promover equilíbrio. Destacamos a conversa pacífica, a prece, a confiança em Deus como recursos que podem promover equilíbrio. Um pai irresponsável consigo mesmo precisa de muita compreensão, muita prece e energia. Nem sempre conseguimos utilidade passando a mão na cabeça das pessoas. Não é pela consangüinidade que iremos permitir desrespeito. Um filho não pode arcar com responsabilidades que pertençam ao seu pai.
<P> Pode nos falar um pouco sobre o caso de irmãos siameses? Haveria mérito em, sendo cientificamente possível, tentar separá-los, mesmo tendo o risco de um deles desencarnar? Como são vistos espiritualmente gêmeos siameses?
<R> Como estudantes da Doutrina dos Espíritos, respeitando a Lei e sabendo que não existe acaso, precisamos respeitar profundamente esses casos. E acreditamos que diante de opções a serem tomadas, os pais tenham que buscar Deus, acima de todas as coisas para, bem orientados, agirem.
Casos de siameses é clássico de inimigos ferrenhos do passado, que tiveram oportunidade de se perdoarem, mas por muitas indas e vindas não o fizeram e na compulsória deste perdão, tiveram de nascer juntos.
<P> Tomo um exemplo caseiro, se me permite: Minha filha de 8 anos, odeia ir a casa espirita, ficando ela em local apropriado para tal. Seria esse sentimento passageiro, ou denotaria algum incômodo com a Doutrina?
<R> Nós aprendemos, ou estamos aprendendo, com Irmã Virgínia, nossa amiga espiritual, que as crianças precisam ser respeitadas. A palavra "odeia" é muito forte. Se a criança revela uma resistência tão forte às aulas de moral cristã apropriadas às crianças, deve haver uma razão muito séria para isso. O ideal é não forçar, mas, com muita paciência, no lar mesmo, buscar, através de conversas leves e delicadas, instruí-la a respeito da criação divina, da reencarnação, do respeito ao próximo. Necessariamente, um filho de pais espíritas não tem que ser espírita. Aliás, a salvação não está na Casa Espírita. Jesus disse que o Reino de Deus está no íntimo de cada um. É possível evolução nas lutas naturais do dia-a-dia. No esforço sincero, na vida profissional, na vida familiar e na vida em sociedade, o homem também evolui. Seja paciente com a sua filha e procure, com carinho, descobrir quais as razões dessa rejeição.
<P> Quanto ao ritual da primeira comunhão, seria lícito desconsiderá-lo, para que a criança decida num futuro próximo? É correto submeter a criança a rituais eclesiásticos alegando ser uma postura para sua não discriminação na sociedade?
<R> Os pais que respeitam os seus filhos e que se sentem seguros não impõem quaisquer práticas. O ideal é exemplificar os sentimentos positivos, confiando que os filhos seguirão os bons exemplos, buscando trilhar os caminhos da moral.
<P> Qual o impacto de alguém optar por não se casar (e conseqüentemente não ter filhos, constituir família etc)? Ou seja, como podemos saber que estamos na opção correta? Digo, não é justo casar sem amor, só para constituir família, não é?
<R> Primeiramente, nós precisaríamos saber se não nos casamos por vontade própria, ou porque não estava planejado. Muitas pessoas afirmam que casaram ou deixaram de casar por escolha e nem sempre é verdade. Agora, mesmo diante do planejamento reencarnatório, nós podemos dizer não, mas, conseqüentemente, teremos que arcar com as conseqüências. Não dá certo desrespeitar o que nos é indicado na reencarnação. Não podemos esquecer que o planejamento reencarnatório obedece a critérios sábios. Quanto a casar sem amor, se assim está planejado, o casamento ocorre e então é o cumprimento de uma Lei.
<P> Como fazer com uma filha que tem dificuldades de externar o que quer e o que sente? Em casa existe muito diálogo e já houve tratamento psicológico.
<R> Geralmente, nós, pais, somos ansiosos em relação aos nossos filhos. Não lidamos bem com o silêncio. Entendemos que as crianças têm que estar gritando, pulando, correndo. Podemos receber no lar um ser que prefira o silêncio, que não queira comunicar os seus sentimentos. Como também pode ocorrer de ser esse espírito um estranho a essa família. A melhor maneira de lidar é com cautela, paciência e carinho. Permitir que essa criança seja ela mesma e que ela entenda que falando, sorrindo, chorando ou ficando calada é amada.
<P> Espiritualmente, como fica a mãe que abandona seu filho, mesmo que ele seja adotado por outra pessoa?
<R> Ela fica com a responsabilidade desse abandono e isso não é tão simples: as conseqüências que essa criatura possa viver conduz a mãe responsabilidades muito sérias. Quem abandona enfraquece e os laços da maternidade fortalecem profundamente os sentimentos da mulher.
<P> Gostaria de colocar duas máximas que eu guardo mas gostaria que fossem comentadas: 1) "A diferença entre amigo e parente é que amigo é aquele que escolhemos"; 2) "Parentes, só ficam bem em fotografia".
<R> Não sei se você escolheu a pessoa certa para comentar duas máximas que me parece você guarda com carinho. Eu discordo completamente! Porque eu amo a minha família. E tenho lutado com muita alegria para preservá-la. O ideal é tentarmos cultivar sentimentos positivos, onde a indiferença possa ameaçar crescer.
<P> A Rede Globo costuma exibir programa sobre educação sexual. O que o Espiritismo nos diz sobre isso?
<R> O Espiritismo nos diz que devemos esclarecer as nossas crianças sobre a realidade da Vida. O sexo é estudado pela Doutrina com naturalidade, fazendo ele parte da Vida. Se questionamos quanto ao momento ideal para falarmos sobre sexo com as nossas crianças, vamos entender que o momento ideal é o da própria procura, quando a criança começa a fazer questionamentos ela já está indicando que é hora de ensinar. Muitos pais têm medo desses momentos e preferem que os seus filhos aprendam nas ruas. Vamos olhar nos olhos de nossas crianças transmitindo confiança e elas estarão sempre ao nosso lado, fazendo as perguntas certas e muitas vezes elas mesmas indicando-nos o que devemos falar.
<P> O conceito de família para nós, espíritas não deve ser muito maior do que pai / mãe / filho / irmão / tio, etc. Ou seja: essa é nossa família hoje, mas nossa verdadeira família é muito maior e abrange encarnados e desencarnados, certo? Na verdade, minha preocupação é que temos essa tendência ao nos fechar nesse ciclo familiar e achar que nossa família é mais importante que os outros irmãos que temos. Esta é a penúltima pergunta.
<R> Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", nós refletimos que a chaga da Humanidade é o egoísmo. Esse sentimento, se não trabalhado, domina. Observamos em grande parte de nós mesmos, que nos dizemos espíritas, uma forte tendência a tão só valorizar aqueles a quem queremos bem. A Doutrina dos Espíritos exatamente esclarece sobre a eternidade e a filiação divina. A nossa verdadeira identidade é a de filhos de Deus. Por certo, com estudo, reflexão e trabalho atingiremos esse sentimento ideal de respeito e amor para com todas as criaturas.
<P> Última pergunta. Como é visto o planejamento familiar criado pelos homens, já que este pode acabar impedindo a vinda de um espírito que deveria reencarnar e por este motivo acaba privado de uma nova experiência?
<R> Aquele que nega oportunidades, naturalmente viverá restrições. O ideal é o homem buscar Deus e se esforçar para refletir nos seus atos a vontade suprema. Enquanto isso não ocorrer, conheceremos dores e lágrimas, nesse constrangimento de fugirmos do trabalho de reajuste perante os mesmos faltosos de ontem. Na verdade, quando convidados ao reencontro com os amados, não recalcitramos.


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