Padres católicos revelam fatos surpreendentes sobre a comunicação com o além
O diálogo com os mortos não deve ser interrompido porque, na realidade, a vida não está limitada pelos horizontes do mundo. (Papa João Paulo II)
Um dos segredos guardados pela Igreja
Católica acaba de ser desvendado:
os espíritos se comunicam no seio da
própria Igreja.
A revelação veio à tona através do pesquisador de
fenômenos paranormais baiano Clóvis Nunes, que conseguiu filmar e
fotografar o Museu das Almas do Purgatório, em Roma, e constatou que há
pelo menos 104 anos ali estão registradas marcas que legitimam a
comunicação e aparições de pessoas mortas.
Tudo começou com um misterioso incêndio
na inauguração de um altar, em 1897.
Os fiéis, ao apagarem o fogo,
perceberam no mármore a marca de um rosto atormentado de um homem.
O
curioso, segundo Clóvis, é que não havia qualquer combustível no local.
Padre Victory Juet e outros entenderam que a materialização daquele
rosto, cujos resíduos estão intactos até hoje, se tratava de um fenômeno
paranormal insólito.
Com o tempo, o acervo foi se ampliando,
com peças vindas de outras igrejas.
As relíquias são imagens
surpreendentes e revelam que as comunicações espirituais na Igreja são
evidentes e acontecem em diferentes épocas.
Em entrevista exclusiva, ele
nos relata detalhes de sua ousadia em driblar a segurança para
desvendar os mistérios.
Cita casos de padres que admitem a
comunicabilidade com os espíritos, escrevem livros e fazem conferências
sobre o assunto.
Revela o
depoimento do papa João Paulo II, no dia de finados de 1983, na Praça de
São Pedro, em Roma, para mais de 20 mil pessoas:
"O diálogo com os
mortos não deve ser interrompido porque, na realidade, a vida não está
limitada pelos horizontes do mundo".
Este foi relatado pelo
padre Gino Concetti, diretor do Observatório Romano, ao publicar uma
série de informações oficiais do Vaticano, que legitima o intercâmbio
entre vivos e mortos, desde que esteja vinculado a uma ética adequada de
uma postura positiva, dentro da construção de valores espirituais para
com os interesses da religião.
"Essa frase legitima, de uma forma muito
clara, a posição do papa, com relação ao diálogo com os mortos, e a
atual posição da igreja que ao longo do tempo vem sofrendo
modificações", conclui Clóvis.
Museu esconde o mistério
O Museu das Almas do Purgatório foi
criado pela Igreja no início do século passado pelo padre Victory Juet,
que pertencia à Ordem do Sagrado Coração de Jesus, fundada em 1854 pelo
padre Chevalier, com a finalidade de proferir missa e orações em
sufrágio das almas em sofrimento.
Esta organização se desenvolveu em
Roma a partir do trabalho de Juet que se transformou numa das maiores
personalidades de sua época.
Foi procurador de Roma, amigo pessoal e de
extrema confiança do Papa Pio X.
Em 15 de novembro de 1897, quando se
havia adornado o altar para uma festa, em comemoração às conquistas para
construção do grande santuário, que é hoje a igreja, aconteceu o
incêndio misterioso. Victory Juet e os fiéis deduziram que seriam almas
do purgatório pedindo preces para aliviar seus sofrimentos no Além, uma
vez que a igreja estava sendo construída para isso, além de uma
demonstração real de que a Igreja seria necessária.
A partir daí, o
padre, impressionado, comunicou ao papa e às autoridades eclesiásticas,
empreendeu muitas viagens pelos países europeus, buscando testemunhos,
provas e sempre investigando para inserir outras comunicações
semelhantes.
Depois de algum tempo e de uma grande
quantidade de material selecionado ele fundou o primeiro Museu Cristão
de Além Túmulo, com autorização do papa, para legitimar todas as peças
que registram aparições de comunicação espírita entre padres e freiras.
"Hoje o museu tem a quantidade de peças resumidas, mas é o registro
dessas aparições durante muitos anos em diversas igrejas e diversas
partes do mundo", destaca Clóvis.
Segundo ele, a igreja admite, através do
museu, a comunicação entre os vivos e os mortos.
"Ali está uma
testemunha autêntica da imortalidade, da comunicabilidade com os
espíritos, muito embora 90% ou mais dos padres desconheçam este museu,
pois foi instituído por uma Ordem e somente os padres que estão ligados a
ela, o Sagrado Coração de Jesus, sabe da sua existência.
Mas se o papa
Pio X autorizou sua criação e se o fenômeno aconteceu ali é porque desde
aquela época a Igreja admite a comunicação com os mortos.
Não
explicitamente para o público, mas entre as autoridades eclesiásticas,
acreditamos que isso é um fato de algum tempo.
Portanto, mais de 100
anos que estas peças registram silenciosamente fatos incontestáveis de
que os espíritos se comunicam dentro do seio da Igreja Católica",
analisa.
O teor das mensagens
Algumas das comunicações destes padres
eram o mal uso, por exemplo, das ofertas da missa e depois com a
consciência culpada vinham dizer onde estava este dinheiro guardado.
Outras foram de freiras que vinham dizer às irmãs que a vida continuava
depois da morte.
Também uma grande parte de casos de espíritos em
sofrimento que voltavam pedindo para celebrar missa para alívio das
dores e das perturbações da alma.
Como a Igreja Católica tem a leitura do
Além em três níveis de realidades, explica Clóvis: os bons vão para o
Céu; os maus vão para o Inferno e os que não são totalmente nem bons nem
totalmente maus ficam temporariamente no Purgatório, como a maioria das
comunicações vieram solicitando preces, a Igreja atribuiu este nome de
Museu das Almas do Purgatório, após a morte do padre Victory Juet,
porque o nome original era Museu Cristão de Além Túmulo.
No começo do século passado, o padre
Victory Juet abriu o museu para o público no mesmo período que a igreja
foi aberta ao culto, em 1917.
A partir de então, o museu passou a
despertar muita curiosidade, interpretações precipitadas e equivocadas e
a Igreja resolveu então reservar estas informações porque a maioria das
interpretações que se dava ao Museu das Almas do Purgatório era
relacionada com o satanismo.
Os leigos interpretavam as comunicações
como algo demoníaco. Isso perturbou não só a fé dos fiéis como também
contribuiu para uma má informação do pensamento da doutrina cristã da
Igreja.
Daí a igreja não liberar mais a visitação, para preservar a
contextualização religiosa.
O Espiritismo existe
E a comunicação entre vivos e mortos existe.
O padre Gino Concetti, de viva voz, respondeu à
reportagem do Fantástico:
Eu acredito e me baseio
num fundamento teológico que é o seguinte:
todos nós formamos em Cristo
um corpo místico, do qual Cristo é o soberano.
De Cristo emanam muitas
graças, muitos dons, e se somos todos unidos, formamos uma comunhão.
E
onde há comunhão, existe também comunicação".
Padre Gino Concetti foi mais além, ao
afirmar que "o espiritismo existe, há sinais na Bíblia, na Sagrada
Escritura, no Antigo Testamento.
Mas não é do modo fácil como as pessoas
acreditam.
Nós não podemos chamar o espírito de Michelangelo, ou de
Rafael.
Mas como existem provas na Sagrada Escritura, não se pode negar
que exista esta possibilidade de comunicação".
Concetti recebeu ainda eco ou reforço do
teólogo Sandro Register:
"A Igreja acredita que seja possível uma
comunicação entre este mundo e o outro mundo.
A Igreja já tem convicção
de que esta comunicação existe.
A Igreja se sente peregrina, porque vive
na terra e possui uma pátria no céu".
Ao admitir a possibilidade do diálogo
espiritual, padre Concetti faz questão de ressaltar que este ato não
será pecado desde que sob a inspiração da fé e que se evite a prática de
idolatria, a necromancia, a superstição e o esoterismo.
Justifica que
não se pode brincar com as "almas dos trespassados" e nem evocá-las por
motivos fúteis, para obter por exemplo número de loterias Isso tudo de
acordo com entrevista publicada no Jornal Ansa, em Itália – novembro de
1996.
A sustentação do Cristianismo
O parapsicólogo Clóvis Nunes observa que
o Museu das Almas representa para os cristãos a certeza da fé no Além, e
analisa:
"O mistério do Cristianismo nasceu desta comunicação com o
Além.
Desde o nascimento de Cristo, anunciado por um espírito, até mesmo
a sustentação do Cristianismo, porque este só se tornou sustentável
quando Jesus ressurgiu dos mortos, no terceiro dia.
A partir daí, o
Cristianismo se legitimou e outros fenômenos incríveis da história foram
legitimados pela comunicação entre vivos e mortos".
"Outro aspecto importante, prossegue o
pesquisador, foi a conversão de Paulo de Tarso, na estrada de Damasco,
quando se deparou com o espírito de Jesus, que perguntou-lhe:
'Saulo,
Saulo, por que me persegues?'
Ele caiu cego do cavalo.
O Cristo já havia
morrido quando este contato aconteceu.
Então, o mistério do
Cristianismo é o ressurgimento de Jesus do Além e a convicção dos
cristãos, dos discípulos, dos apóstolos somente foram construídos depois
da certeza inabalável que Jesus vivia após a morte. Isso foi a redenção
do Cristianismo, que começa depois da cruz".
A relação disso tudo com o museu, para
Clóvis, é que ele faz a ponte, porque durante todos estes séculos houve
um grande muro de silêncio entre vivos e mortos por parte da Igreja e
que acaba de ser derrubado, demonstrando que a imortalidade da alma é a
continuidade da vida e que este silêncio que as religiões cristãs
fizeram, mesmo falando de eternidade, nunca criaram as condições
possíveis para o diálogo com esta eternidade.
"O museu mostra que o
diálogo pode ter sido evitado, mas foi natural.
Agora com a revelação
daquele local, acredito que muitos cristãos vão pensar um pouco mais",
prevê.
Programa mostrou tudo
Durante cerca de quinze minutos, Clóvis
mostrou no programa Fantástico, da Rede Globo, pela primeira vez no
Mundo, imagens surpreendentes que revelam que as comunicações de
espíritos.
"Acredito que devem ter havido muito mais comunicações.
Só o
padre Victory obteve mais de 240 peças.
A maioria das imagens do museu é
original.
Há resíduos reais das peças, inclusive a do incêndio ainda
está lá, escondida por três pequenas portas de madeira e pintado uma
amadona com dois anjos, mas conseguimos filmar", detalha Clóvis e
arremata.
"As peças são registros insólitos de
fatos paranormais, exclusivos, maravilhosos e extraordinários.
Enfim, o
museu é a concentração de evidências indiscutíveis de que a morte não
nos mata, a vida continua e podemos nos comunicar com aqueles que se
foram na frente".
Clóvis Nunes é consultor da Rede Globo de Televisão
para assuntos paranormais.
Foi ele quem enfrentou o padre Quevedo no
quadro dominical "O Caçador de Enigmas", no Fantástico.
O acesso às informações
Clóvis Nunes teve acesso às informações
através de dois grandes amigos.
Um pesquisador muito importante do mundo
da ciência paranormal, que é o parapsicólogo mineiro Henrique
Rodrigues, que lhe falou a primeira vez sobre o museu.
Posteriormente
leu alguma coisa na literatura de parapsicologia e mais tarde outro
grande amigo, um padre da Ordem de São Sulplício, escritor que vivia em
Paris e uma autoridade no mundo das pesquisas, o padre François Brune
(foto), lhe certificou que o museu existia.
De passagem à Itália, há uns
seis anos atrás visitou o museu de uma forma muito rápida, os padres
não explicaram detalhes, mas ele insistiu e arremata os resultados.
"Foi tudo de forma passageira sem dar
muita importância, mas nós que fazemos pesquisas sobre paranormalidade
vimos naquele museu que se ocultava um tesouro de formações maravilhosas
de comunicações com o Além e a certeza da eternidade.
Vim com o projeto
de voltar ali para registrar e documentar as suas peças e somente agora
isso foi possível".
Publicado no jornal Tribuna Espírita - Dezembro 2001
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